terça-feira, junho 05, 2007

UM LUGAR PARA RECOMEÇAR - Draminha água com açúcar que ainda dá pra beber

Sempre tive uma visão "pomposa" de Robert Redford. O veterano ator sempre me passou um ar de requinte em quase todos os filmes em que trabalhou. Isso não soa negativo, somente quero dizer que, para mim, o ator raramente se desfez de seu porte superior. Mesmo tendo o visto pela primeira vez no clássico faroeste "Butch Cassidy", ele só me marcou profundamente com sua pose no imoral "Proposta Indecente", onde interpretou um poderoso empresário arrogante e esnobe. De lá pra cá, foi difícil ele me convencer de que pudesse interpretar um tipo rude, simplório e bem caipirão mesmo. Bom, em "Um Lugar para Recomeçar" ele conseguiu.

Já não posso falar a mesma coisa de Jennifer Lopez. A latina nunca me convenceu de sua força de interpretação. Talvez, seja pelos tipos de papéis que sempre deram à ela (sexuais ou bobinhas demais), Lopez ainda é um pouquinho limitada. Não que seja péssima, mas não é completa. Digamos que, como atriz, ela é uma ótima cantora! E nesse filme, sua personagem continua presa àqueles velhos (e maus!) hábitos de querer demonstrar que é uma fêmea independente e forte, quando na verdade, ainda tem o espírito submissa e comete alguns atos impulsivos, como transar logo com um cara porquê sabe que não terá tanto tempo para conhecê-lo melhor (algo que chega a ser bem mais questionável por sabermos que sua personagem tem uma filha!).
Tirando as moralidades de lado, acredito que "Um Lugar para Recomeçar" tem elementos redondinhos para um bom drama. E sustentado pela boa performance de Redford e do sempre ótimo Morgan Freeman, o filme funciona em sua principal proposta: nos fazer refletir sobre básicas questões humanas. Afinal, será que é compreensível culparmos outras pessoas por nossas vidas não funcionar do jeito que queremos, ou será que somos nós mesmos os verdadeiros culpados? Essa pergunta é respondida sutilmente durante todo o filme.

E o resultado final... com certeza me agradou!


Spoilers ------ (não leiam esse parágrafo abaixo se não quiserem saber pequenos detalhes sobre a história).

O ameaçador urso que faz parte da trama desde o início, ficou estampado para mim, como uma grande metáfora. O animal representava o medo e a insegurança de cada um de nós, ou melhor, de cada um dos personagens. Nota-se que ele precisou ser encarado pelos que mais possuíam receios de seus destinos, dentro da história: Eilar (Redford) precisou enfrentá-lo quando o tirou da pequena jaula no Zôológico, a pequena Griff (neta de Eilar) também precisou enfrentar a criatura quando viu seu avô caído no chão, e até mesmo Mitch (Freeman) que havia sido atacado anteriormente pelo mesmo urso, teve que desafiá-lo, numa nítida simbologia de que às vezes temos que encarar de frente nossos medos e vencê-lo. O urso na verdade não era mau. Como Mitch revelou em determinado momento do filme, o animal só respondia à sua natureza e não era culpado pelos resultados desastrosos que o Homem fazia ao lidar com ele. Eilar não superava a morte do filho e culpava a nora por isso, Mitch começara a se entediar e se achar inútil ficar dependendo dos outros para se recuperar do ataque feroz que sofreu e a pequena Griff também se mantinha insegura quanto ao próprio futuro ao lado da mãe e da perseguição do padrasto. Para os três, o urso era a salvação.

Fim dos Spoilers -------


* NOTA 5,5

PS: A menina Griff, que faz a neta de Redford, é uma excelente e promissora atriz.

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