terça-feira, fevereiro 06, 2007

UMA NOITE NO MUSEU - Descompromissadamente divertido

Ben Stiller ficou marcado ao compor personagens sutilmente frágeis e ligeiramente perdedores - às vezes, idiotas - que sempre demonstram ao decorrer da trama, um bom caratismo e uma peculiar ingenuidade que faz com que torcemos e simpatizemos por ele. Aliás, presumo que a simpatia que extraímos por seus personagens seja algo diretamente ligado ao próprio Ben Stiller; sempre achei que o ator possui mesmo um ar inocente e uma cara piedosa que aliada à seus trejeitos tímidos e desengonçados, desepenham bem a simpatia que ele tanto exerce para o grande público. Gosto dele e realmente o acho carismático!

Mas isso não é tudo para um grande papel cômico. Assim como Robin Willians - ou até mesmo Adam Sandler -, o carisma, a simpatia e o jeito amigo que eles passam, não funciona tanto quando o roteiro não os deixa tão "soltos". Ao contrário de seus tipos anteriores, Stiller está mais reservado nesse novo filme. Eu diria até, contido. Não que isso o torne sem graça, mas certamente, o retira grande parte da força humorística que o comediante possui.


Interpretando um pai de família com problemas no relacionamento e com um filho que ele tenta impressionar, Stiller empresta seu lado mais sentimental e passivo para compor um vigia noturno que ronda um Museu onde, à noite, algo de muito estranho e diferente acontece. Seu personagem mais uma vez, transmite grande simpatia, mas não permite que o ator desempenhe sua performance histriônica. E convenhamos que, mesmo sendo exagerado e caricatural, o humor de Ben Stiller engrena nos mesmos mecanismos que os de Jim Carrey: sendo extravagante! E em "Uma Noite no Museu" não há nenhuma cena onde ele prende o órgão genital no zíper da calça, luta com um cachorrinho raivoso ou esfrega a cara acidentalmente em um peito peludo e suado de algum adversário numa partida de basquetebol. Com exceção da única cena mais escrachada (onde envolve um mico!), Stiller não funciona como ele está acostumado a funcionar, e com um elenco que leva mais outros humoristas de peso como Robin Willians fazendo o Presidente Roosevelt e Owen Wilson (seu parceiro habitual de comédias) fazendo um cowboy neurótico, parece que o ator percebe que o filme é mais do que ele, exigindo-o apenas uma atuação formal e descompromissadamente divertida.

E, certamente, o filme parece ser mais do que Stiller. Com uma premissa bacana (que me lembra momentâneamente "Jumanji", protagonizado por Robin Willians), com efeitos visuais de qualidade e com coadjuvantes interessantes, a gente já de cara percebe que as "estrelas" principais do filme serão realmente as criaturas e os bonecos de cera do Museu. E realmente são! Stiller apenas funciona como um fio condutor que liga esses mesmos personagens à trama simplória do enredo: que envolve a ganância de três vilões cartunescos, uma corrida para conseguir colocar o Museu em ordem antes que o Curador chegue e a conquista do filho, que vê Stiller como um pai ainda imaturo e despreparado.


Bonitinho, com mensagens objetivas e um elenco acima da média, "Uma Noite No Museu" funciona como uma grande e divertida Sessão da Tarde. Não decepciona em nada, mas também não nos acrescenta muita coisa. E o personagem de Stiller, com certeza, poderia ter sido bem mais engraçado!

* NOTA 6,5

PS: Se todos os macaquinhos fossem como os do filme, não haveria dúvidas de que teríamos um extermínio da espécie pelo mundo.

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