sábado, outubro 25, 2008

UM AMOR PARA RECORDAR - Romance jovem com uma alma adulta



Antes de começar esse meu texto, eu preciso admitir que sou um pouco preconceituoso com romances teens. É verdade, eu não gosto muito deles. Nunca fui muito fã dos filmes que mostravam as paixonites e as intrigas amorosas de casais na puberdade. É como se todos os enamorados que possuíssem espinhas na cara e ainda frequentassem o ginásio não fossem dignos da minha atenção aos sentimentos que querem passar. Talvez, porque tenho pensamentos que me limitam a enxergá-los como inexperientes no mundo das relações, ou por mais certo, encará-los como atores sem tanto talento interpretativo nas questões do amor. Pois é... que baita preconceito cinematográfico, não? E sei que para um admirador de Cinema como eu, isso é um defeito que me relega conhecer obras primas e pequenas pérolas desse gênero, quando encabeçados por um elenco de adolescentes. Nada que afete tanto os romances adultos, já que esses eu sei que em sua maioria são concebidos com roteiros maduros, enxutos e personagens bem desenvolvidos; com atores preparados para dar o melhor deles e nos brindando com belas interpretações. Mas por quê diabos um filme embasado num romance teen também não poderia ser exibido com essas mesmas qualidades?

Eis que chega a hora desses meus pré-conceitos se rebelarem contra mim: Um Amor Para Recordar é um grandioso romance adulto... que só tem cara de teen.


Tudo começa com um acidente imaturo e inconseqüente orquestrado por jovens na beira de um lago. Mas essa introdução serve rapidamente para nos mostrar o jovem protagonista Landon Carter (o ator Shane West) que sofre daquela famosa e batida síndrome do bonitão-popular-irresponsável-que-precisa-manter-a-imagem-pros-amigos-igualmente-irresponsáveis. Bom, como eu disse, isso já é notoriamente batido... filmes como o musical Grease - Nos Tempos da Brilhantina já nos mostravam o mocinho feito por John Travolta acometido dessa mesma patologia. Só que sempre (sempre mesmo!) quem sofre com essa aparência artificial projetada são as meninas que se apaixonam pelo que o cara É enquanto eles sempre estão preocupados em COMO ELES TÊM QUE SER. E é aí que conhecemos a protagonista Jamie Sullivan (a atriz Mandy Moore), uma jovem estudante de teatro e cantora de um coral da Igreja onde o pai é Pastor. Religiosa e simples ao extremo, ela aos poucos vai mostrando uma outra realidade para Landon, mesmo que o garotão ainda se sinta reprimido em demonstrar o que sente. E é justamente nessa repressão toda sentimental, que o filme cresce competentemente!

Por um lado, vemos ele com o drama na consciência de ter compactuado com uma "brincadeira" que acidentou um amigo e ainda se fazendo do popular desleixado da escola, e por outro lado, vemos uma jovem delicada, inteligente e bonita que está disposta em ajudar o rapaz a "melhorar" e a revelar todos as suas amarguras, quando na verdade, parece ser exatamente ELA quem guarda um segredo... segredo esse que talvez, seja mais que um drama de consciência: mas um drama da vida!


Alongar essa crítica sobre esse filme, seria revelar mais coisas, detalhes da história, o que obviamente não convém fazer pelo risco de estragar essa pequena obra-prima. O filme é simples sim, mas muito bem conduzido, com uma direção inteligentemente precisa nas cenas mais profundas e de mais leveza nas cenas mais descontraídas. O elenco também ajuda: o veterano Peter Coyote (de ET - O Extraterrestre e Lua de Fel) faz o pai de Jamie e Daryl Hannah (de Splash - Uma Sereia em Minha Vida e Blade Runner - O Caçador de Andróides) faz a mãe de Landon. Mas realmente, quem me deu os "tapas na cara" quebrando aquele meu preconceito inicial e me surpreendendo com ótimas e corretas atuações, foi mesmo o casal teen feito pelo competente Shane West, que equilibra um Landon sizudo e frio para uma transformação mais calorosa e romântica de um jovem que começa a se descobrir mais humano, e finalmente, para Mandy Moore, uma atriz que, embora já tenha feito outros filminhos por aí, eu nunca quis saber de sua presença filmográfica, mas que me seduziu com sua Jamie sempre segura, dedicada, romântica, bondosa e muito, muito cativante! Acompanhar sua trajetória até o final, mexe sinceramente com a gente, e pela personagem ser tão transparente em sua sinceridade emotiva (a frase que ela diz lá no início para Landon que é "Te ajudo se prometer não se apaixonar por mim!"), faz com que todos nós percebamos depois que, ela não se trata de mais uma adolescentezinha preocupada em se maquiar pra curtir uma balada qualquer... mas sim, de uma jovem que mesmo com pouco tempo de vivência, conseguiu adquirir grandiosas e importantes lições de vida e que, principalmente, também soube ensinar todas essas coisas boas do amor e das relações à Landon...


No final, o filme deixa claríssimo o que um verdadeiro sentimento pode fazer com a gente. E não falo só do AMOR, esse sentimento que já é imortal, mas sim, do RESPEITO e da HUMANIDADE... valores esses, cada vez mais escassos hoje em dia, mas que foram a verdadeira felicidade para o casal principal.

* NOTA 8

PS: Jamie Sullivan é uma menina que todo homem decente se apaixonaria. Eu disse todo homem decente... e Landon se transformou em um.

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