sexta-feira, janeiro 09, 2009

APENAS UMA VEZ - Amor e Música numa linda obra

Definitivamente Apenas Uma Vez não é um musical. Embora, trate sobre música do início ao fim, ele é apenas um filme romântico - e o "apenas" é eufemismo para dizer que se trata de um dos mais belos e sensíveis romances independentes feito nas últimas décadas.

A simplista e bem conduzida história gira em torno de um casal de músicos: ele, um cantor que trabalha consertando aspirador de pó e que toca violão nas ruas de Londres para ganhar mais trocados e divulgar suas composições. Ela, uma delicada pianista que vende revistas e flores e que de vez em quando, também canta. Depois de uma abordagem rápida na calçada, onde ele acabara de executar uma de suas - ótimas! - canções, ela pede para que ele conserte seu aspirador quebrado e logo, os dois começam a sair juntos, a se conhecerem e aprenderem simultaneamete a admirar e a gostar um do outro, mesmo que tais sentimentos fiquem implícitos nos gestos e em algumas palavras; um detalhe que me lembrou muito do também romãntico Antes do Pôr do Sol, com Ethan Hawke e Julie Delpy.

Apenas Uma Vez surpreende justamente por esses pequenos entrelaces espirituosos, instintivos e carinhosos entre o casal, criando um relacionamento palpável, profundo e muito sensível. Afinal, apesar de estarem sempre sorrindo um para o outro, ambos possuem dramas em suas vidas e nos seus passados. E o maravilhoso desenvolvimento do roteiro, consegue explorar isso com delicadeza e amorosidade, fazendo acreditarmos nas atitudes e nos sentimentos daquelas duas pessoas.


Com o estilo "câmera-na-mão", o inteligente diretor acaba optando por uma linguagem estética de documentário, o que fortalece ainda mais o "clima real" do casal e enriquece totalmente o visual com elementos técnicos simples e diretos de câmeras, como o zoom lento ou o "tripidar da lente" acompanhando os personagens, em algumas tomadas.

Mas o trunfo do filme, além, é claro, da relação crescente e vigorosa daquele casal, é a fabulosa trilha sonora escolhida com maestria pelo diretor e, provavelmente, composta especialmente para a produção. Arrisco até em dizer que, se as músicas cantadas pela dupla de protagonistas fossem executadas de verdade por aí a fora, teríamos sem dúvida, dois novos artistas de sucesso no cenário musical! Duas canções em especial me marcaram bastante: a que é cantada no violão e piano por eles dois num dueto, dentro de uma loja de instrumentos, e uma tocada no final, com a banda toda no estúdio fonográfico. Mas não posso esquecer também daquelas que me emocionaram, como a que ele canta segundos antes dela aparecer pela primeira vez, e uma que ela canta no piano sem chegar no final.


A química do casal foi tão imensa e natural, que fica difícil não o adorarmos de imediato e torcermos para que fiquem juntos... e embutido a isso, eu fiquei numa enorme vontade de vê-los sendo mais explorados pelo ótimo script. Uma curiosidade é que em nenhum momento os nomes dos protagonistas são ditos. Nos créditos finais, ele está como "cara" e ela como "garota". Mas, talvez, a falta de nomes seja uma interessante metáfora de que quando relacionamentos são fortes e verdadeiros não se precisa de nomes para nos entregarmos de coração.

NOTA 8,5

PS: Algo me diz que a frase na língua Tcheca "Noor-ho-tebbe", que ela diz para ele em um bonito momento do filme, e que ele fica sem a tradução pois ela intencionalmente não revela, quis dizer: "Eu amo você!".

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1 Comments:

Blogger D. T. S. said...

Esse filme é fenomenal.
Foi minha segunda resenha e coincidentemente eu dei a mesma nota que você para o filme.
As músicas são lindas, os personagens ótimos e a história flui de forma impressionante.

Se quiser dá uma lida:
http://resenhafilme.blogspot.com/2008/11/once.html

Abraços

2:03 da tarde  

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