quarta-feira, janeiro 07, 2009

PROCURANDO AMANDA - Entediando o Espectador

Eu adorava Matthew Broderick nos anos 80. O ator, pra mim, era um dos melhores atores jovens de sua geração e realizava ótimos filmes que nos faziam gostar ainda mais dele. Afinal, quem nunca viu e não gostou de O Feitiço de Áquila, Projeto Secreto Macacos e, talvez, aquele que tenha sido seu maior sucesso: Curtindo a Vida Adoidado? Onde Broderick interpreta maravilhosamente o carismático matador de aulas Ferris Bueller, o transformando num ícone para todos os adolescentes daquela época... inclusive, eu! Lamentavelmente, do fim dos anos 80 pra cá, Broderick parece não saber mais escolher seus projetos e caminha irregularmente entre fracassos estrondosos (como Godzilla) e filmes medianos (como Os Produtores e Um Natal Brilhante) se afastando cada vez mais de fazer algo arrebatador como Ferris um dia fez. E Procurando Amanda é mais uma obra do ator, infelizmente, a ser esquecida!

Com alguns pesinhos a mais desde que fez o simpático A Lente do Amor, com a musa das comédias românticas Meg Ryan, Matthew Broderick volta a fazer um tipo desajeitado, de jeitão perdedor, mas que no fundo, possui uma boa alma e quer melhorar. O problema é que seu personagem é um produtor de programas de TV decadente, viciado compulsivo em jogos e ex-viciado em álcool e drogas. Imagine agora quando esse mesmo sujeito tão cheio de fragilidades, resolve ir para Las Vegas (a terra dos cassinos) tentar convencer a sobrinha (a Amanda do título) que acaba de virar prostituta a entrar para uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, já que ela também acaba de se tornar viciada? Com essa sinopse rasteira, o filme até inicia de forma interessante, dando indícios de diálogos rápidos e bem sacados mostrando uma desenvoltura na narrativa bem sedutora... ledo engano! Após os 15 minutos iniciais, percebemos que o roteiro parece caminhar, caminhar, caminhar e nunca dizer realmente para o que veio. Os diálogos comecam a se tornar repetitivos e desinteressantes, e até mesmo o personagem de Broderick cai na armadilha de ser transformado pelo roteirista e diretor Peter Tolan em mais um bobão que só quer resolver as coisas da melhor maneira, mesmo se comportando como um completo irresponsável. Desconfio que o personagem de Broferick, chamado Taylor Peters (que é quase um anagrama de Peter Tolan, o nome do diretor!) seja uma espécie de alter-ego do cineasta, já que o filme formula em alguns rápidos momentos de cenas, uma espécie de documentário. Resta saber se esse fraco diretor fez mesmo uma "auto-biografia".

Mas admito que o elenco é bom, desde Broderick (que mesmo escolhendo estupidamente seus personagens e filmes, continua um competente e carismático ator), passando por sua preocupada esposa interpretada por Maura Tierney até a simpática rebelde Amanda, feita pela jovem atriz Brittany Snow, que apesar de fazer uma personagem totalmente amoral e imoral, nos convence de sua louca simpatia misturada aos seus tormentos pessoais. Só é chato notar que nenhum atrativo foi criado para que gostássemos ainda mais desses personagens, seja numa história cativante ou numa direção firme e envolvente. Até há pouquíssimos momentos inspirados; mas quando uma situação interessante rapidamente acontece, ela é logo jogada no lixo na mesma velocidade que apareceu.

Sem nunca conseguir completar alguma lição de moral tantas vezes apresentada pelo diretor-roteirista, ou pelo menos transmitir alguma mensagem proveitosa se quer, e desperdiçando parcialmente o talento dos atores com personagens perdidos em cena, Procurando Amanda acaba se tornando uma comédia dramática que falha vergonhosamente tanto no drama quanto na comédia. E no final, constatamos que Broderick, ao menos, poderia sim ter escolhido um filme bem melhor!

Nota 4.

PS: A faxineira do Hotel tem a cara da Helen Mirren!!!

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